DIA DO SOLDADO


DIA DO SOLDADO

Disse o grande Padre Antônio Vieira, em seu livro “História do Futuro”:
“É verdade Divina:
As esperanças que vem são o fruto da árvore da vida.
As esperanças que tardam, tiram a vida.
As esperanças que vem, não só, não tiram a vida,
como acrescentam vida àqueles que as recebem”.

A grandeza do Brasil, enquanto projeto de Nação tem sido uma esperança adiada ao longo da
nossa História. Esperança adiada há mais de 500 anos. Seria uma esperança que tarda?
Ou a grandeza do Brasil enquanto projeto de Nação já é um suceder de esperanças que tem
vindo, e que acrescentam vida àqueles que as recebem?
Numa visão otimista, cada geração de brasileiros, desde os primeiros habitantes – índios,
negros e portugueses – até nós, os contemporâneos desta moderna democracia, tem merecido as suas
esperanças.
E, das esperanças brasileiras, não há nenhuma, salvo em soturnos tempos de exceção, que
não tivesse entre seus intérpretes, Militares das mais dignas honrarias.
Comemoramos hoje o Dia do Soldado. Na verdade, o Dia de Todos os Soldados. E, por que
não há o dia do Sargento, do Capitão ou do Coronel?
Na verdade, somos etimologicamente todos Soldados. Todos aptos a defenderem a Pátria e a
sociedade sempre que um inimigo a ameace. Preparados para doar nossas vidas em defesa dos
desprovidos de forças, de apoio, de segurança. Dizemos, então, que hoje é o Dia de Todos os Soldados.
Assim foi estabelecido pelo Governo Brasileiro, quando, em 25 de agosto de 1923, dedicou
uma justa homenagem a um militar que se evolveu com as labutas da caserna desde a sua mais tenra
infância: Luiz Alves de Lima e Silva.
Testado e aprovado inúmeras vezes nos campos de batalha e nas negociações pela paz,
aquele que viria a receber o título de Duque de Caxias trilhou um caminho sem par na história dos heróis nacionais. Designado para o comando de tropas em insurreições na Bahia, na Guerra Cisplatina, na Revolução Farroupilha, na Revolução Liberal de Minas e São Paulo e na Balaiada maranhense, Caxias sempre trouxe consigo os galardões das missões em que se empenhou.
Foi Comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanentes do Rio de Janeiro, entre
1832 e 1839, instituição esta que veio a se tornar a atual Polícia Militar daquele Estado. Implantou
naquela Corporação grandes inovações para a época, como as rondas ostensivas de cavalaria, o
serviço médico e os postos de Major e Tenente Coronel.
Sua provação final veio com a eclosão da Guerra do Paraguay, nos idos de 1862. Naquele
momento histórico, munido da autoridade que a Princesa Isabel lhe outorgara, Caxias conseguiu
agregar às tropas regulares do governo, as forças milicianas particulares que havia nos Estados do
Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, reunindo, assim, um exército de brasileiros para,
juntamente com tropas da Argentina e Uruguay, combaterem decisivamente as tropas paraguaias.
Foi governador do Maranhão e do Rio Grande do Sul. Foi Senador, Barão e Conde. Recebeu
as comendas de “O Pacificador do Brasil”, “O Condestável da Pátria” e, finalmente, “Patrono do
Exército Brasileiro”.
Recebeu, em 1869, a comenda de Duque de Caxias, em memória da cidade maranhense
onde combateu de forma implacável, debelando os revoltosos daquela sedição que ficou conhecida
como A Balaiada, que alí se insurgiam contra a monarquia. Este título só foi concedido a quatro
pessoas no Brasil, sendo ele o único agraciado que não descendia da nobreza imperial.
O Dia do Soldado, comemorado na data em que Caxias nasceu, homenageia a todos os
militares que envergam uma farda em suas missões diárias. A todos aqueles que, em nome de um
compromisso profissional e moral, abdicam dos momentos de convívio com suas famílias e seus entes
prezados, saindo em defesa dos ideais de uma nação e da vida e do patrimônio de terceiros.
O Soldado hoje homenageado não é apenas aquele militar que ainda não foi promovido a
Cabo. Somos todos nós, de soldado a coronel, do aluno ao militar inativo, que ostentamos a farda da
Corporação e nos dedicamos arduamente à nobre missão de socorrer os aflitos, prevenir os atos
ilícitos e retirar do convívio social aqueles que se desviam de uma conduta pública aceitável e límpida.
Compomos uma Corporação que tem a finalidade de proteger e defender a sociedade,
mesmo com o sacrifício da própria vida, cuja missão tão nobre nos impõe o dever.
A nós, soldados, não nos faculta a opção de não agir, de não nos envolver, de não nos
apresentarmos para a intervenção nos problemas que nos surgem. Seja pelo amor à profissão que
abraçamos, seja pela imposição legal ou seja pelo tirocínio inerente a cada integrante desta secular
instituição, em nós são depositadas as esperanças de decisão em momentos de crise, de solução em
momentos de intrigas e de serenidade em momentos de exaltação.
Cada Soldado anônimo que está por trás do 190, ao volante de uma viatura, guiando uma
motocicleta ou uma montaria, exercendo sua função no Policiamento Ostensivo Geral ou auxiliando às
inúmeras atividades administrativas em apoio à atividade fim, é um herói, aqui, hoje, homenageado.
O denodo e o compromisso com que cada um de nós se empenha em bem agir na
Corporação, cumprindo as normas legais e morais que nos guiam, atuando dentro dos preceitos
constitucionais que limitam nossas ações e contribuindo para uma sociedade menos desigual, menos
autofágica, mais justa e humana, nos transforma em soldados a serviço da paz e em generais na luta
pelo bem-estar social.
Na árdua, e nem sempre reconhecida missão de Soldados da Paz, somos solicitados para
agir em toda sorte de problemas sociais que se nos apresentam. Da ação em busca de um homicida à
busca por uma criança perdida. Do pronto atendimento a uma parturiente ao socorro a um afogado. Do
socorro a um ancião em perigo à retirada de um acidentado dos escombros de um desabamento.
Do acordar de madrugada para ir ao trabalho, ao momento incerto de retorno ao lar. Da
certeza de sairmos para defender o cidadão e sua família, à incerteza de que retornaremos incólumes
para o seio de nossas famílias. Assim nos regozija a canção:

“Sou Soldado da Terra de Ortiz,
Missão nobre me impõe o dever,
Defender com ardor meu país.
Pela pátria vencer ou morrer”.

Infelizmente, na nobre missão de defender o país, inúmeros Soldados pereceram
heroicamente, combalidos pela ação de criminosos que incomodam a sociedade e não aceitam seguir
as leis que a regem. Esses companheiros, tombados na luta, representam toda a Corporação, que
permanece inatacável, firme em seus propósitos e certa de que, uma missão maior nos sustenta, um
objetivo digno nos conduz e um orgulho do dever cumprido nos exalta.
Soldados, hoje e sempre, sejam vocês que ainda estão em formação ou vocês que ostentam
divisas ou insígnias, já estabilizados em suas funções, orgulhem-se de sua nobre profissão, e não se
curvem aos detratores, aos pessimistas, aos arautos da discórdia, pois uma Corporação forte é feita
de homens e mulheres fortes, honrados e dignos, límpidos em seus objetivos e transparentes em suas
aspirações.
Parabéns a todos vocês. Parabéns à Policia Militar do Espírito Santo por ter em seu plantel
profissionais de suas estirpes, de suas magnitudes, pois “na peleja devemos ser bravos e ser fortes e
do inimigo não temermos a metralha”.

Muito obrigado a todos.

ANSELMO LIMA – CEL PM
COMANDANTE GERAL DA PMES
• BECG divulgado às 10:40hs, do dia 24.08.2011

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